Aplicar as regras, além de uma obrigação profissional, é um dever cívico

Artigo por Fábio Lessa, supervisor de qualidade da STECK Indústria Elétrica

Uma leitura rápida do título desse artigo pode levar a apressada conclusão de que tentarei convencer o óbvio às pessoas – e principalmente aos profissionais do setor elétrico: conhecer e aplicar as normas é uma obrigação, portanto em tese não é preciso conscientizar o público sobre a importância delas.

Se estivéssemos falando de uma atividade isolada, cujos méritos e deméritos do planejamento e execução recaíssem somente aos responsáveis, poderíamos até dizer que as pessoas não capacitadas respondem pelos seus atos.

No entanto, nós bem sabemos que a elétrica é inerente a vida e ao trabalho contemporâneo, cuja boa e segura aplicação garante a proteção de bilhões de vidas ao redor do mundo e o patrimônio que elas acumulam ao longo das gerações.

O acesso às normas e a treinamentos é restrito, mas é preciso encarar como um investimento profissional, pois a conformidade normativa é um diferencial em um mercado que, infelizmente, ainda há resistência ao aprendizado. Também podemos ressaltar que o trabalho, quando executado de forma correta, minimiza erros, futuros retrabalhos e o risco de acidentes que podem ser extremamente graves e em alguns casos levar a óbito, portanto, é impossível equiparar o valor do investimento com o valor imensurável de uma vida.

Além disso, o trabalho planejado e executado baseado em padronizações e regulamentações garante proteção extra ao profissional eletricista diante de contestações, sejam elas de clientes ou até mesmo na justiça em caso de acidentes.

No Brasil, a normalização do setor elétrico é regulamentada pela ABNT e pelo Ministério do Trabalho através das NRs, considerando boas práticas e requisitos técnicos internacionais. Também há regulamentação por meio de portarias das concessionárias (distribuidoras de energia) sob supervisão das agências reguladoras.

Portanto, é fundamental que o profissional eletricista conheça e aplique na íntegra as normas que regem as instalações e as que guiam produtos e conjuntos elétricos, de modo a abranger critérios e procedimentos de segurança.

Se pudéssemos – afinal, todas são importantes e de observação obrigatória – eleger a de maior relevância na vida dos profissionais, provavelmente escolheríamos a ABNT NBR 5410, que não à toa é conhecida popularmente como a ‘Bíblia’ do eletricista e é aplicável a todas as instalações elétricas de baixa tensão com raríssimas exceções.

Ela é aplicável a qualquer tipo de edificação, industrial, residencial, comercial, inclusive instalações temporárias e reformas, passando pelas fases de projeto, execução, verificação e manutenção.

A norma garante a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado e a conservação dos bens em instalações. Ou seja, ela exige não só proteção da instalação e de pessoas, como também espera um desempenho mínimo da instalação.

Dentre seus princípios fundamentais, podemos destacar a proteção contra os choques elétricos com a utilização obrigatória de IDR em áreas críticas, a proteção contra sobrecorrente com o uso de disjuntores, que desarmam ao detectar sinais de sobrecarga e curto-circuito, além da preservação de equipamentos contra sobretensões com o uso do DPS, que atua ao identificar os picos de tensão a utilização dos três dispositivos é essencial para uma proteção eficaz.

Por isso é importante contar com produtos de qualidade que tenham sido submetidos a   testes e ensaios que demonstrem o atendimento não só a essas regras, mas também às de instalação. A STECK possui um laboratório próprio para realizar avaliações periódicas e de desenvolvimento de produtos

Novamente, por mais dispensável que possa ser lembrar as pessoas da obrigatoriedade desses dispositivos, ainda nos deparamos com instalações sem o IDR ou simplesmente com ele desconectado do circuito, justamente um dispositivo essencial para proteção à vida.

Não raro nos deparamos com imóveis sem nem mesmo um sistema de aterramento. Também é comum nos depararmos com imóveis com disjuntores mal dimensionados e com a fiação comprometida com risco iminente de incêndios.

Por fim, é comum encontramos imóveis que além de mal dimensionados, também nunca passaram por uma reforma elétrica, o que implica numa falha compartilhada entre profissionais e clientes.

Aplicar as normas, além de uma obrigação, é um dever que todo profissional de elétrica deve cumprir como cidadão. É a sua capacitação e o trabalho em conformidade com a normalização nacional que vai, efetivamente, garantir uma instalação elétrica mais eficiente e segura.

Existe muita negligência em nosso setor e faz parte de todos conscientizar a população de maneira geral e valorizar os bons profissionais que entendem a importância e aplicam o seu conhecimento na pratica. Graças aos bons profissionais é possível perceber uma evolução no atendimento a requisitos normativos, mas ainda temos muito o que fazer.