Programas de logística reversa aumentam os índices de reciclagem do e-lixo

Foto: George Hodan / Public Domain Pictures

O cotidiano está cada vez mais tomado – e dependente – de aparelhos eletrônicos: celulares, computadores, controles e dispositivos em geral estão por toda parte. Mas você já parou para pensar o que acontece quando não precisa mais deles?

A quantidade de eletroeletrônicos tem crescido de 3% a 4% ao ano diante das grandes expectativas por soluções inovadoras. Cada lançamento, no entanto, vai desencadear um volume de aparelhos ociosos e obsoletos, o chamado ‘lixo eletrônico’ ou ‘e-lixo’. Estima-se que, só em 2019, foram gerados mais de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico no mundo. Destas, somente 10 milhões foram devidamente descartadas, coletadas e reaproveitadas como matéria-prima de novos produtos.

A maioria desses aparelhos depende de pilhas e baterias para funcionar, mas é preciso dar um destino adequado ao final de cada carga. Além do desperdício do que poderia ser um valioso insumo, quando descartadas ou tratadas incorretamente, essas fontes de energia podem apresentar vazamentos de componentes químicos, o que é prejudicial à saúde e ao meio-ambiente.

Componentes como mercúrio, cádmio, chumbo, zinco e níquel podem causar contaminações graves e por isso é importante que baterias portáteis e as pilhas (alcalinas, zinco-manganês e recarregáveis) deixem de ser descartadas no lixo comum. O problema do lixo comum é que ele geralmente acaba em lixões – uma pesquisa anual da Abrelpe mostra que 40,5% de todos os resíduos sólidos urbanos gerados em 2018 foram destinados a esses locais, que não possuem qualquer estrutura sanitária.

Foto: Ivan Batista de Queiroz/Panoramio

Por pior que esse quadro se apresente, existem formas totalmente viáveis de revertê-lo. A solução passa por iniciativas de logística reversa eficientes e coordenadas entre poder público, empresas e consumidor. Destaca-se no setor eletroeletrônico o programa coordenado pela Green Eletron, organização sem fins lucrativos responsável pela distribuição de coletores e a gestão de todas as etapas envolvidas na destinação final ambientalmente correta do ‘e-lixo’ recolhido em pontos estratégicos de todo o Brasil.

Você pode conferir o ponto de coleta mais próximo de casa ou do trabalho clicando aqui. São mais de 1.7 mil de coletores posicionados principalmente em comércios, de modo a induzir que o local de compra das pilhas seja também o local de descarte.

Ciclo da logística reversa do lixo eletrônico (Arte: Green Eletron)

O programa é desenvolvido em parceria com fabricantes, importadores e distribuidores como a STECK Indústria Elétrica, que tem o diferencial da associação com a Green Eletron de modo que o controle sobre as pilhas e baterias comece antes mesmo de chegar às gôndolas.

A indústria tem um papel fundamental para que o ciclo de pilhas e baterias nunca termine, pois somos responsáveis por aquilo que fabricamos. Nosso compromisso não se encerra quando o produto chega às mãos do cliente”, explica Nayara Diniz, gerente de produto da STECK. “É importante que o consumidor faça a sua parte não apenas descartando as cargas nos coletores, mas também na escolha de marcas idôneas e responsáveis, que se associam aos programas como o da Green Eletron para colaborar com um mundo melhor”, completa.

O alerta de Nayara é significativo: boa parte dos problemas ambientais são gerados pelas chamadas ‘pilhas piratas’, fabricadas totalmente fora das especificações de segurança, podendo apresentar risco ao consumidor inclusive quando ainda em uso.

Em 2019, o programa recolheu mais de 520 toneladas de lixo eletrônico, das quais 171 toneladas somente de pilhas e baterias portáteis (um aumento de 69% em comparação com o ano anterior). No sistema de coleta de eletroeletrônicos, o número descartado mais que triplicou desde 2018.

Modelos de pilhas e baterias que podem ser depositados nos coletores (Arte: Green Eletron)

Após a coleta e a triagem, o material é encaminhado pela Green Eletron para recicladoras homologadas, responsáveis por triturar e separar o que é possível reciclar dos componentes. As pilhas, por exemplo, podem ser transformadas em pigmentos para fogos de artifício, pisos cerâmicos, vidros, tintas, além da possibilidade de reutilização do zinco. Conheça o passo a passo do processo de reciclagem aqui.